Nunca amaste na vida.
Tiveste paixões febris
e anseios de amor
mas nunca amaste na vida.
És o homem–menino
criança inquieta, travessa
arquitetando romances como batalhas
marcando uma a uma as mulheres
fincando em terra
bandeirolas de amores de livros empoeirados.
Nunca amaste por temor ou altivez.
E por tua fragilidade
não te é permitido reduzir meu amor a uma etérea paixão:
eu te amo.
Até que te transformes em homem
aguardo-te
até que aprendas a amar.
Poema significativo para mim, pois liberto de
um caráter autobiográfico. Guardadas as devidas influências de situações
cotidianas (não é um poema para, mas um poema com alguém), nasceu inspirado por
um excerto de “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”, obra sensível de
Clarice Lispector.