terça-feira, 14 de maio de 2013

Não te sabem, Recife.


Não te sabem, Recife.

Os tons da aurora de tuas ruas.

Os rios que
sedentos
insinuam-se e embebedam-se de teus mangues.

Meninos das palafitas
que frevem
e entorpecem a terra
que se assanha por seus destros passos.

As sinuosas curvas franciscanas
cuja textura sinto com o olhar na ponta dos dedos
ao caçar
diariamente
o exemplar fincado na gruta sob a cidade de pedra.

Não, Recife,
nem ao menos o teu arsenal de armas brancas
seria capaz de escancarar-me o peito
para que a eles se traduza
o que em mim corrói tua ausência.

domingo, 12 de maio de 2013

Esquadros


Hoje
eu me queria a dama das cartas.
Meticulosa
furtaria uma a uma as copas
e traçaria a nós
a rota dos pequenos e diários encantos.

Mas não trago em minhas mãos
caminhos certos e feitiços
apenas delineio por esquadros
o que de nós emerge do encontro
aguardando
que em risco livre
arquitetemos nossa estrada.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Sentença poética

Cacei em cada curva de meu corpo
um poema dengoso.
Nas marcas de teus dedos em minha pele
as palavras exatas para o verso.
Em teu cheiro impresso em minha nuca
a precisa rima de um soneto.

Mas eis que a poesia negou-me abrigo
e, enciumada, proferiu sua sentença:
nosso enredo melhor se enquadraria a um romance.