sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Desconcerto

E minhas coxas
aguardaram
teus dedos furtivos.
Em sã consciência
não esperariam
o toque outrora ansiado
mas ali se postaram
mornas, amantes,
como o caminhante distraído
que, com espanto, se depara
com seu rotineiro destino.

E meus olhos repousaram
analisando tua face
esta
que, por noites, foi velada
enquanto repetia ao tempo a prece
para que todos os relógios
de súbito
estancassem.

E minhas entranhas
buscaram em meu âmago
o oco que tua ausência
lhes causava
e o fervor
que a confusão de nossos corpos
produzia.

Finalmente,
o peito, em vão,
tentou vestir-te
de encanto
mas, a razão,
sem rodeios
despiu-te do manto sacro
e desvelou que
do amor
restou apenas desconcerto.