terça-feira, 19 de março de 2013

Do insípido passante


Te escondeste
na cidade que impõe
- repressiva -
as coordenadas
e travessias milimétricas
em expressas vias
após lagos
campos
e parques arquitetados.

É na constância que vives
solitário
em afazeres do mais alto interesse do Estado.

Em tua vida
a poesia é relegada à apreciação
assim como as notas do carvalho
de seu bom vinho francês
(ou daquele -
uma relíquia da Argentina).

A vida
é um poema.
Esta que pulsa deste lado obscuro
translúcida e valente.
Esta que grita e sangra
em tua taça
mas que perdes
atento à técnica insípida
que te dita o olfato e paladar.

Curioso constatar
a frieza com que dilaceras o encanto
E desejo
ainda envolta em teus lençóis
que o calor de minha brasa
seja o corpo do amante
há tão pouco 
bruscamente
apartado.

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