quarta-feira, 3 de abril de 2013

Sabedoria amorosa


Não pude precisar o momento
daquela noite chuvosa
na cidade ensandecida
em que
entediada
apreciava a luta
de sua obtusa geometria
com os resquícios da
teimosa
humanidade
dos grafites.

Num átimo
olhei para mim
e me vi
Mulher.

Mulher
acolhida
pela negra seda
que tocaste
e tatuaste com teu cheiro.

Mulher
crente
em tuas palavras e gestos.

Mulher
plácida
senhora de seu tempo.

Não sei exatamente em que instante
- despida estava da lua e do som -
eu te compreendi.

E, afagada, permaneci
tomada e plena
de minha despretensiosa e súbita
sabedoria.

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