sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Das contas dos desencontros

Foram tantos e desenganados
os desencontros
que colhi cada conta
das arrebatadoras
e das instantâneas e voláteis paixões.

De quando ainda menina
trago um canto tecido em uma rede.

Já moça
o cuidado do moreno
que investiu economias
em cafonas e belas pelúcias.

Quase-mulher
a dedicação extremada
do que seria o predestinado.

Felina
o fogo e a inconsequência do poeta
a frieza daquele que
(na contagem)
será esquecido
a sensibilidade do estrangeiro
e o riso fácil e sincero do menino
que, convicto, me nega.

Há quedas
Arte de Sabrina Eras para o
Projeto 54 2012 da El Cabriton
- sem dúvidas -
diárias
semanais
ou por longos períodos de luto.

Há um grito que se prende ao peito
sem qualquer solução lógica
que o desate.

E há a palavra
sufocada
com as penas que povoam travesseiros
e ensopada
com néctares profanos.

Mas do fundo
dos cacos
das contas
surge sempre
a mesma força motriz
e nada passa a ser mais urgente
do que a vida.

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