segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Não sairás impune


Não sairás impune
por deixares escorrer entre teus dedos
a areia do infinito das horas que dediquei a ti.

Não sairás impune
pelo oceano que, por ti, atravessei a nado
ainda que minha única certeza
fosse a do acaso de um encontro acidental.

Não sairás impune
pelos mimos e presentes com que te agradei
na vã expectativa de ver
minha inerte presença em todos os teus dias.

Não sairás impune
por cravares em meu dorso
palavra a palavra
de ensaiadas frases
até que em minha pele não houvesse nada além de ti.

Não sairás impune
por não teres compreendido nada.
Nada!
Eis que foste incapaz de decifrar meu olhar
urrando o sufocado “eu te amo”.

Não sairás impune, meu bem,
por não teres feito de tua “aventura”
o teu cotidiano
por, no futuro,
vires a ser inevitavelmente
arrebatado pela constatação
de que renegaste teus próprios poemas,
pois sua tinta é meu sangue,
seus versos, meus ossos,
suas rimas, minha alma em brasa!
E, diante de tão vazia realidade,
esta que covardemente escolheste,
desejarás ter dilacerado a tua carne
em nosso “acidente”.

Crê em mim.
Não sairás impune!

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