quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Constatação

Não.
Nunca amaste na vida.
Tiveste paixões febris
e anseios de amor
mas nunca amaste na vida.

És o homem–menino
criança inquieta, travessa
arquitetando romances como batalhas
marcando uma a uma as mulheres
fincando em terra
bandeirolas de amores de livros empoeirados.

Nunca amaste por temor ou altivez.
E por tua fragilidade
não te é permitido reduzir meu amor a uma etérea paixão:
eu te amo.

Até que te transformes em homem
aguardo-te
até que aprendas a amar.


Poema significativo para mim, pois liberto de um caráter autobiográfico. Guardadas as devidas influências de situações cotidianas (não é um poema para, mas um poema com alguém), nasceu inspirado por um excerto de “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”, obra sensível de Clarice Lispector.

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