terça-feira, 25 de setembro de 2012

Nove encantos


Prestem atenção, meus senhores,
eis que vou lhes contar
a história de Maria Safira,
mulher de onça no olhar.

Foi sob um banho de estrelas,
lua alta no céu,
terra seca estalando
que este causo se deu.

Coreografados nove encantos,
após saltos e giros ao som de maracás,
foi dar de tropeço
com um ladrãozinho popular,
tipo franzino e esguio,
que veio se vangloriar,
recitando em rimas ricas
uma proeza sem par:
havia roubado de um anjo
um par de asas robustas
e se punha todo à proa
perante tanta formosura.

Safira teceu seu plano
para trapacear o bandido
e tomar do meliante
tamanho fruto bendito.

Um mandacaru lhe deu a flor
a compassar o seu feitiço
sem saber que bastaria apenas um sorriso
para furtar do larápio
até mesmo o coração.

Foi tão grande o desfastio,
nem bem o sol se pôs a pino,
secou a água no Sertão,
pois matou a sede, a moça,
após consumir sua paixão.

À Safira só restou
presentear o seu vadio
com sua conta preciosa,
fogo aceso, além do brilho.

Hoje vivem nas veredas
com os caminhos cerzidos,
conforme destino posto
pela reinação do Cupido.

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